quarta-feira, 19 de abril de 2017

TEXTO | ME DESAFIEI A ESQUECER ALGUÉM


 Acordei, e me virei para o outro lado sabendo que não depararia com um sorrisinho torto e um olhar fascinante me desejando "bom dia". Foi como sentir cacos de vidro brincando de pular corda dentro de mim. Levantei da cama, evitei ao máximo não pensar em absolutamente NADA, desafiei a mim mesma, sobreviver a esse dia.
Tomei um café bem forte e fui direto para a sala, me sentei no sofá vermelho e gelado que você escolheu em meio a uma viagem para fora da cidade, é, foi meio desafiador trazer este sofá nos fundos da antiga caminhonete barulhenta.
Vi a nova e rabugenta vizinha correndo desesperadamente para recolher as camisolas de bolinhas do varal porque se iniciava um temporal daqueles, com nuvens cinzentas dançando pelos céus, pareciam estar felizes, mas deixaram as gotas de chuva cair como lágrimas. É talvez nem tudo que aparenta estar feliz, quer dizer que realmente esteja feliz, talvez, seja apenas uma cortina fechada para esconder dias cinzentos.
 Como é possível? Uma pessoa necessitar tanto de outra como um dependente químico que necessita sustentar o seu vicio, se não ele não consegue viver.
Olhei para o lado, e, pensei em todas as bagunças e danos que causamos nesse mundo, era eu e você, e mais ninguém. De quando você deitava ao meu lado no sofá e apoiava a cabeça no meu colo, falávamos do nosso futuro como gente grande, em sonhos enlouquecedores, e em quantas marcas iriamos deixar no mundo. Eu nunca havia amado ninguém assim. Eu te amei de verdade.
 Vi que, ficar me lamentando por horas e horas no sofá, não iria dar em nada. então resolvi sair de casa e tentar assassinar essa angústia que me faz pensar em você, sair pra correr ou talvez ver um pouco de gente feliz.  Afinal, já estava no meu limite, aponto de transbordar, os passarinhos cantavam alegremente, parecia estar tudo calmo e tranquilo para as pessoas ao meu redor, mas acontecia uma guerra dentro de mim. Me encontrava no fim, o fim de tudo, não havia mais cor, alegria, felicidades, sentimento, não havia mais vida para viver. Afinal, oque eu ainda estou fazendo aqui? É uma boa pergunta.
 Mas, a vida, é pra ser vivida, e eu só tenho uma, acredito que se eu não fazer tudo oque eu sonho em fazer, talvez nunca mais terei a chance de tentar novamente.
 Então sem qualquer motivo, sem pensar duas vezes, eu sorri. Um sorrisinho torto e talvez sincero. Saí pra correr, fiz algumas compras, lancei um ou outro " Bom Dia ", E até tomei alguns Drinques, dancei, e acredito que pela primeira vez cheguei em casa no outro dia de manhã, com algumas garrafas de Whisky na mão e uma gargalhada daquelas que saem de lá da alma, vi o sol nascer. Foi como se tudo fosse mais bonito, senti meu coração batendo novamente.

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